domingo, 3 de novembro de 2013

[RESENHA] Perdão, Leonard Peacock - Matthew Quick







                                                                                                            
Titulo: Perdão, Leonard Peacock
Titulo Original: Forgive me, Leonard Peacock
Autor(a): Matthew Quick
Nº de páginas: 224
Editora: Intrínseca























Hoje é o aniversário de Leonard Peacock. Também é o dia em que ele saiu de casa com uma arma na mochila. Porque é hoje que ele vai matar o ex-melhor amigo e depois se suicidar com a P-38 que foi do avô, a pistola do Reich. Mas antes ele quer encontrar e se despedir das quatro pessoas mais importantes de sua vida: Walt, o vizinho obcecado por filmes de Humphrey Bogart; Baback, que estuda na mesma escola que ele e é um virtuose do violino; Lauren, a garota cristã de quem ele gosta, e Herr Silverman, o professor que está agora ensinando à turma sobre o Holocausto. Encontro após encontro, conversando com cada uma dessas pessoas, o jovem ao poucos revela seus segredos, mas o relógio não para: até o fim do dia Leonard estará morto. 
Leonard, logo no inicio do livro, deixa claro que irá se suicidar até o fim do dia. Antes disso ocorrer, ele precisa entregar quatro presentes para as quatro pessoas importantes em sua vida: Walt, seu vizinho, um senhor idoso que acolhe Leonard muitas vezes e os dois assistem filmes antigos, criando uma bela amizade entre os dois; Baback, um menino iraniano que toca violino no auditório durante o almoço enquanto Leonard assiste e, mesmo distante, Leonard cria uma amizade por ele; Lauren, uma cristã que entrega folhetos religiosos em um estação de metrô e desperta o amor de Leonard; e Herr Silverman, o professor que ensina sobre o Holocausto e é adorado por Leonard pelo fato de ser diferente dos demais e tratar todos os alunos de forma especial. Após entregar todos presentes, Leonard iria até a casa de seu ex-melhor amigo, Asher Beal, para matá-lo e, finalmente, cometer seu suicídio.
Leonard é filho de uma estilista chamada Linda, e seu pai foi um rockeiro grunge que fez shows com Nirvana e Pearl Jam, mas, após um tempo, começou a beber e a usar drogas até que abandonou ele e sua mãe. A mãe de Leonard comprou uma casa em New Jearsey onde o filho vive enquanto ela mora em um apartamento em New York, o que torna as coisas um pouco mais complicadas para o garoto por ser uma mãe nada presente, indo visitá-lo, nos máximo, em alguns fins de semana.
Praticamente li o livro todo em um dia. Achei genial o modo como o Matthew soube descrever - pelo meu ponto de vista - super bem a mente de um suicída e mostrar todos seus sentimentos e angústias, fazendo com que em certos momentos do livro, eu sentisse vontade de entrar na história só pra poder ser amiga do Leonard e ajudá-lo de qualquer forma. É de sentir pena o modo como é a vida de Leonard. O modo como a mãe não liga para as coisas que acontecem com ele, a falta do pai e e outras coisas que lhe aconteceram que são mostradas ao longo do livro.
Um livro realmente inteligente, com citações de Hamlet, Dorian Gray e vários e vários filmes de Bogart, ator favorito de Leonard e Walt. Algumas vezes os dois conversam utilizando citações e diálogos dos filmes. Achei isso incrivel, a propósito.
Em nenhum momento cheguei a achar o livro, no minimo, chatinho ou senti vontade de parar de ler e terminar outro dia. Muito pelo contrário. Comecei a lê-lo e não queria mais largar. Eu precisava saber como ele iria terminar. Se Leonar iria, realmente cometer o suicidio ou algo iria fazê-lo desistir. Senti angústia do inicio ao fim, no inicio querendo que ele moresse logo pra todo aquele sofrimento acabar, e mais para o final querendo que ele vivesse porque ele era especial e inteligente demais para morrer.
Esse livro trás a tona toda a questão das pessoas estarem se comportando todas iguais. Como diz Herr Silverman:
 “Vocês todos estão usando mais ou menos o mesmo tipo de roupa. Olhem ao redor e verão que é verdade. Agora, imagine que você é o único que não usa uma marca legal. Como isso faz você se sentir? O raio da Nike, as três listras da Adidas, o jogadorzinho de polo em cima do cavalo, a gaivota da Hollister…”
Leonard fala do modo como as pessoas aos seu redor são idiotas e ignorantes, que não sabem compreender coisas tão simples e, mentalmente e fisicamente, são todas iguais, deixando claro como admira pessoa que sejam... diferentes. E é por ser diferente, que Leonard não tem amigos. 
Tem uma escrita leve e rápida. O autor usa e abusa das notas de rodapé, até que algumas vezes as notas ocupam mais da metade da página. Todo o livro é escrito em primeira pessoa - narrado pelo Leonard, excetos as cartas ao longo do livro que também são em primeira pessoa, mas são narradas por quem escreveu - o que deixa-o carregado de emoções, fazendo com que o leitor entenda muito bem os medos e angústias do protagonista.
É um livro simples, mas que trás certos ensinamentos e, obviamente, necessitou de muito estudo e pesquisa do autor para sua construção. Quando puderem, leiam e façam amizade com Leonard Peacock e tentem, como eu, salvar sua vida.

"- Você não acha que devemos discutir as consequências da minha possível falta de ação para que eu possa decidir se fazer ou não o que você pediu é realmente do meu interesse? Gostaria de tomar uma decisão consciente. Eu quero pensar. Afinal, estamos em uma escola. Você não deveria nos encorajar a pensar? Ajude-me nesse aspecto."

"(...) A verdade não importa, e quando as pessoas fazem uma ideia terrível de você, é assim que você será visto, não importa o que faça."
"(...)
- Para não esquecer que eu ganho no fim.
- Como você sabe que vai ganhar?
- Porque eu continuo tentando."

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